TRIIIIIIIIM
O toque da campainha soou. Eles saem da sala de aula.
Quando ele passou por ela, pela primeira vez, ela nem reparou. Pensava que ele era só mais um rapaz por entre tantos. Mas depois, quando eles se voltaram a encontrar ela começou a reparar nos seus lindos olhos verdes, no tom escuro do seu cabelo, no timbre da sua voz, no seu tom de pele.
Ele continuou o seu caminho, sem reparar que ela ali estava a olhar para ele e a tentar decifra-lo.
Ela era só mais uma rapariga. Só uma no meio de tantas outras. Simples. Não se destacava. Com um cabelo comprido castanho, um tom de pele moreno e uns olhos castanho-chocolate. Passa no meio de todas as outras, ninguém repara.
Quando voltou para a aula, ela lembrou-se dele. Perguntava-se como era o seu nome. Em que curso estava?
TRIIIIIIIIIM
O toque voltou a soar.
Ela saiu para o intervalo, depois da aula de história, e voltou a reparar nele. Ali estava, novamente sozinho, encostado à parede. E assim passava ele quase todos os intervalos. À excepção de quando sai para ir à casa de banho, ao bar, ou quando os amigos o chamam.
Os dias passam e ela começou a reparar a cor dos olhos dele mudam consoante a luz para um verde mais claro ou mais escuro. Começou a perceber que ele passava muito tempo sozinho.
Com o tempo, ele pareceu notar a existência dela. Talvez por ela passar muito tempo a olhar para ele, ou porque estar sempre por perto... De vez em quando, quando ele repara que que ela lá está, olha-a nos olhos. Não durante mais de 20 segundos, mas olha para ela. Mas será que realmente a vê?
Hoje, quando ele chegou à escola, pelas 9h25 sorriu-lhe. Ela ficou sem reacção e baixou a cabeça. Ela estava espantada visto que no dia anterior lhe foram dizer que ela estava interessada nele.
Será que ela está mesmo interessada nele?
Ainda assim, nos intervalos de hoje ele olhava para ela e dava um passo em frente, mas quando era interceptado pelo olhar da rapariga, ele recuava.
"Será que o assusto? Será que ele tem namorada? Será que está interessado?" Pensa para si. Com um pouco de esperança, de fé.
Mas ela não tem a maior auto-estima. Ela simplesmente pensa que ele é demasiado bom para ela. No final de contas, ela é banal. Igual a tantas outras. Nada de diferente, nada de igual. Só mais uma.
Enquanto ele é tímido. Ela é social. Enquanto ele é todo bonito, ela sente-se feia.
Ela questiona-se se ele alguma vez, nem que fosse só uma, iria ser capaz de olhar duas vezes para ela.
Enquanto ele trocava uns segundos do seu tempo a tocar-lhe com o seu olhar, ela pensava se ia falar ou não com ele. Mas ela, apesar de ser social, com ele não consegue falar.
Talvez tenha medo de rejeição. Talvez ela não esteja segura de si própria. Afinal, ela não gosta muito de si.
Pode ser que um dia ela ganhe coragem, avance os metros que a separam dele e diga "Olá, como estás?" e com sorte, pode ser que ele lhe responda "Olá. Estou bem. E tu? Como estás?". Talvez um dia eles se tornem amigos.
Talvez um dia.
Talvez.
Beijos com amor.
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