14.3.10

Adeus.

Porque é que não sais do meu pensamento? Os teus olhos cor de mar que já me conhecem tão bem não saiem da minha cabeça. Eles que me conhecem tão bem, eles que me espião sem dó nem piedade e que me olham...
O teu sorriso tímido. Aquele que me ilude e mente às vezes.
Os teus gestos de carinho.
As tuas palavras de reconforto, essas que me enganam, essas que estão e sempre estiveram cheias de armadilhas.
Porque não me deixas seguir em frente? Porque me mantens tua escrava?
Passo pelas ruas que nos são familiares, passo por elas vezes e vezes sem conta, na esperança de te reencontrar.
Enfeitiçaste-me. Fizeste-me acreditar. Apaixonei-me por ti e depois deixas-me assim.
Quando saltaste pensaste em mim? Pensaste no quanto eu sofro? Ou és demasiado egoísta para tal?
Porque é que não consigo parar de conjugar os verbos no presente se ao passado pertences?
Hoje, cá em cima com o meu copo de vinho, penso em juntar-me a ti na eternidade. Desde que me deixaste que nada faz sentido. O tempo passa por mim e eu por vezes nem noto. Já perdi a noção do tempo. A quantos vamos? Não sei... Perdi o apetite. Perdi a alegria de viver. E a minha vontade de sorrir, essa foi-se embora contigo.
Agora, passado este tempo que não faço ideia de quanto foi, só as lágrimas me acompanham.
Nunca pensei que um ser humano tão pequeno como eu podesse conter dentro de si tanta àgua, tanto sal.
Recordo os nosso passeios de mãos dadas pela praia. As nossas fotografias de quando descobrimos o mundo juntos, aquelas que se mantêm coladas no espelho do nosso quarto. Os nossos jantares à luz de velas. Os sorrisos fáceos. O teu cheiro a flores...
Recordo o brilho nos teus olhos sempre que te relembrava o quanto te amo. Recordo o som da tua voz quando dizias que me amavas de volta. Sabes... ainda te amo. Continuas aqui, comigo. Será que tens saudades minhas? Será que os teus olhos azuis têm o mesmo brilho? Será que ainda cheiras a flores?
Sento-me aqui, com o copo meio vazio, no mesmo sitio onde me deixaste.
Um salto apenas me separa de ti.
Será que nos vamos reencontrar e voltar a ser felizes juntos?
Ainda me queres?
Não sei, mas vou ficar a saber.
Até já, meu amor.
Amo-te.

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