parte III

"A vida é como o céu. O céu tem muitas nuvens, tu és uma delas. No entanto, como sabes, as nuvens leva-as o vento, vento esse que te levou. Eu continuo a olhar para o céu, ainda espero pela minha estrela cadente."


Olá "D",
Ainda te lembras de mim? Sou o Osmar. Bem, deixemo-nos de conversa da treta e passemos ao assunto que me fez escrever-te.
A "C" deu-me o teu recado. Foi indecente a forma como colocaste as coisas, o que disseste e já para não falar na forma como nos deixaste. Mas eu, eu continuo a olhar para o céu. A vida é como o céu. O céu tem muitas nuvens, tu és uma delas. No entanto, como sabes, as nuvens leva-as o vento, vento esse que te levou. Eu continuo a olhar para o céu, ainda espero pela minha estrela cadente. Na verdade, eu tinha-a encontrado. A Ofélia - lembraste dela? Sei que sim, tendo em conta o que escreveste à "C". Quero que saibas que, em primeiro lugar, eu amava-a, e em segundo, não tens o direito de me julgar a mim ou a qualquer outra pessoa. Tu destruíste-me, sim, mas eu já sou um menino crescido e já me levantei. Agora, luto cada vez mais pelo amor da minha vida, espero que ela me dê uma hipótese. Já tu, tu continuas igual a ti mesmo, ambíguo, falso, arrogante, maníaco e sem sombra de dúvidas narcisista. É uma pena o que te aconteceu "D". Perdeste-te e acho que não tens noção disso. Continuas a viver a leste do paraíso, pensas que tens sempre tudo controlado, mas NOVIDADE - não tens!
Acho que perdeste a "C" de vez. Ela nem se deu ao trabalho de te responder. Sabes o que ela fez? Leu o que escreveste e pediu-me que lesse e queimasse as tuas palavras. Talvez eu esteja a falar demais, como é costume, mas de acordo com ela "não vale a pena gastar mais um minuto que seja com ele. Cada um faz as suas escolhas, eu escolho-me a mim." Espero que tenhas percebido a mensagem. Ela amava-te, ela foi a melhor pessoa que alguma vez poderias ter arranjado, nunca outra rapariga terá a paciência que ela teve para aturar um cabrão como tu. Desculpa-me a linguagem mas é a realidade, és um cabrão. Acho que já to tinha dito antes, mas relembrar nunca fez mal a ninguém.
Foste embora, escolheste ir para os Estados Unidos da América e viver o sonho da tua namorada. Deixaste tudo para trás sem pestanejar, provavelmente nem te lembraste de mim - a C está certa quando diz que tu não vales a pena; sempre esteve. Um dia, espero, vais perceber o que perdeste e talvez quando esse dia chegar já seja tarde de mais.
Escrevo-te apenas para te dizer que nós estamos bem, eu e a C, e que tu, como cabrão que és, devias aprender a pensar antes de escreveres e enviares uma carta. Sempre foste um pouco burro, todos sabem isso, portanto damos-te um desconto. Nenhum de nós irá voltar a contactar-te ou gastar um minuto a pensar em ti. No entanto, o número da C contínua o mesmo, eu mudei o meu e não, não faço tensões de to dar. Concluindo, se quiseres falar com ela, liga-lhe. Com sorte, consegues reconquista-la. Não que te importes, claro.
Adeus D.
Osmar Nunes.


O D recebeu esta carta dois meses depois de ter sido enviada. Apanhou o primeiro avião para Lisboa e tentou reconquistar a amada, no entanto, ela não tinha mais nada para dar. Ela mudou-se para Manhattan - Nova Iorque, onde hoje tem um apartamento de luxo com vista para a cidade. É actriz e é solteira. O amor abandonou-a mas ela não se queixa, é feliz assim. Ele continua com a sua fama de quinta categoria, a ser narcisista e a não se importar com os sentimentos dos outros. O Osmar conseguiu reconquistar a Ofélia que lhe deu uma segunda oportunidade. Agora são felizes juntos. A Mafalda voltou a ser amiga da C e vive em Londres onde é tradutora. Ela e a C encontram-se mensalmente na Starbucks de Nova Iorque ou de Londres.
Passado algum tempo o brilho do D esgotou-se bem como o seu amor. Ele acabou por ficar sozinho, rodeado por pessoas que só se interessavam pelo dinheiro que ele tinha. Enquanto isso, a C, o Osmar, a Ofélia e a Mafalda, continuaram amigos e foram felizes no Central Park