9.6.10

inútil

Escondo-me atrás de um sorriso sem sentimento. Percorro as ruas da cidade com um sorriso nos lábios mas sem ele no olhar. Finjo que está tudo bem, que não me incomoda não te ter por perto. Sinto-me feia, vazia, imunda... Odeio o sentimento de insegurança, odeio o medo de fechar os olhos à noite por saber que entras em todos os meus sonhos e pesadelos. Não sei quando foi que aconteceu mas sinto que todas as palavras que outrora disseste passaram de prazo, sinto que sou igual a todas as outras - superficial. Sinto que não sou interessante ou boa pessoa. Sinto-me como se não fosse ninguém. Não deveria permitir sentir-me assim mas hoje, desisto por um momento, desisto de fingir. Sorrio, digo sempre que está tudo bem mas minto. Não está tudo bem. Não está tudo bem por tua causa, por minha causa, por causa de tudo o resto. O meu mundo a cores ficou a preto e branco por breves momentos enquanto o permito - depois, tento dar-lhe uma tonalidade de creme e pérola para não ficar tão escuro... Com o tempo acredito que vou conseguir fazer dele um arco-íris.
Sou muito nova e por isso não deveria deixar-me afectar tanto, nem me deveria dar a esse trabalho mas o que sinto no peito é muito forte. Em casa continuo a mesma pessoa de sempre, na escola finjo que ficou tudo guardado num baú e que está tudo lindo como o céu sem nuvens e o sol a brilhar... mas a vida é difícil. Não o digo na matéria do amor, que é algo complicado, mas sim das outras coisas. Os verdadeiros problemas que custam e o que dói mais é quando não podemos fazer nada para modificar isso. Sinto que eu sou um brinquedo com defeito de fabrico e que não estou aqui a fazer nada. Se eu desaparecesse? Iam dar pela minha falta? Iam sentir saudades minhas? Ias?
Estou cansada. Cansada de fingir, de lutar por causas perdidas, de fazer os outros perder tempo. Sinto-me inútil e odeio este sentimento. Quero fugir e nunca mais voltar.
Não consigo encontrar palavras suficientes para explicar o que sinto, não tenho mais imaginação, não tenho talento. Uma página em branco, é tudo o que sou.
Beijos com amor.

1 comentário:

Mafalda* disse...

Não sei se sabes a veracidade destas palavras, se as escreves como autora que tenta dar-lhes um significado para o seu texto ou se para os seus sentimentos, mas acho que se acreditares naquilo que escreves, sabes como me sinto há coisa de dois anos. E espero que se conseguires perceber o que estas escondem, a fragilidade por detrás delas, compreendes como sou, e porque sou assim... Acho que nem eu teria descrito melhor. "Sinto que eu sou um brinquedo com defeito de fabrico e que não estou aqui a fazer nada. Se eu desaparecesse? Iam dar pela minha falta? Iam sentir saudades minhas?". Sabes o que é pensar nisto todos os dias, e sofrer com a verdade que pode andar por aí e que afinal podes não querer muito saber para não sofreres ainda mais? Só espero que o teu sofrimento acabe, e que te lembres que sim, eu sentiria e muito a tua falta. E podes crer que se desaparecesses eu ficaria ainda mais defeituosa que sou agora, porque quando se perde um amigo de vida, perde-se um bocado do nosso coração.