Continuação
8h40 no Starbucks do Chiado. Ela chega e acomoda-se numa das poltronas grandes num tom de lilás. Coloca a sua mala grande preta no cadeirão ao seu lado para guardar um lugar. Impacientemente bate com as unhas na mesa e a cada 30 segundos olha para a porta. São 8h55 ele chega. Pede o seu café e senta-se em frente a ela.
- Bom dia. - Ela diz num timbre de voz tímido e suave enquanto lhe sorri ignorando o facto de ter estado quinze minutos à espera dele.
- Olá. - Ele responde num tom monocórdico e sem sentimento. O sorriso dela aos poucos vai desaparecendo.
Ela levanta-se e dirige-se ao balcão, por de trás do mesmo encontra-se uma mulher simpática. Devia ter uns 20 anos, era loira e com grandes olhos negros. Era sem dúvida diferente e muito bonita. Delicadamente ela pediu à funcionária um chocolate quente com caramelo e chantily e um queque. Assim que é atendida ela volta a sentar-se na mesa com ele tomando, lentamente, o seu pequeno-almoço. Até que decidiu quebrar o silêncio.
- Hoje não pára de chover, já reparaste?
- Sim, quem é que não repara? - Respondeu seca e friamente.
- Está tudo bem contigo? - Ela pergunta preocupada.
- Claro que está, porque não haveria de estar? - A rispidez na sua voz ia aumentando e ele nunca tirou os olhos da mesa, como se tivesse a preparar um discurso ou a evitar o seu olhar.
- Desculpa, estava só a perguntar... - Ela desculpa-se tristemente.
- Percebe uma coisa, - Desta vez ele decidiu cruzar o seu olhar com o dela. Os seus grandes olhos azuis estavam frios e ásperos - Eu acho-te uma incompetente, acho que fazes mal o teu trabalho, és um bocado parva por andares sempre com essas roupas ridículas e às vezes olhas para mim de uma forma... que... bem... deixa-me um pouco... digamos que... desconfortável. Por isso não me voltes a falar ou a olhar para mim.
- Desculpa, não faço por mal. - Disse ela triste e de cabisbaixo.
- Deixa lá, esquece lá isso. A verdade é que eu não tenho culpa de ser bonito e tu… bem… simplesmente evita falar comigo, não quero ser visto com uma pessoa como tu. Adeus. - E saiu pela grande porta. Ela ficara de boca aberta sem saber o que dizer ou fazer, e foi aí que percebeu – ele não merecia o seu amor, ele afinal não valia a pena.
Beijos com amor.
1 comentário:
tão tão lindo e verdadeiro!
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