Passo horas parada no grande jardim, vejo pessoas a passar. Cada um segue o seu destino, a sua direcção, o seu rumo... Todos olham mas ninguém vê o que está em seu redor. Vejo caras, olhos, roupas, corpos - meros seres humanos. Em cada um consigo ver-te. Vejo-te de forma mais desfocada do que antes, não estás tão vivo como estiveste mas continuo a reconhecer a tua silhueta, a anatomia do teu olhar, ou até a cinética do teu sorriso. Ao longe consigo ver-te, consigo reconhecer-te só pelo teu andar, a tua ginga e movimento. Os teus olhos verdes estão mais brilhantes que nunca e o teu sorriso era capaz de iluminar toda a cidade. Continuo a ver em ti todas as qualidades e reconheço os teus defeitos mas sempre os aceitei. Já passaram sete meses desde que te reconheço, desde que fui apresentada ao teu olhar... passaram seis meses desde que te conheci finalmente. Seis meses, meio ano. Dá para acreditar? Em seis meses aconteceu tanta coisa e passou tudo tão depressa... No entanto, já passou um mês desde que tudo mudou. Porque é que mudou? Onde é que errámos? Quem errou?
Não consigo dizer se já te esqueci, se ainda estou apaixonada. Sei que me magoaste muito, sei que tive culpa nisso e sei também que o meu coração já não bate tão depressa como bateu. Contudo, continuo com um peso gigante sempre que me lembro das nossas simples conversas, dos sorrisos, das vezes que nos entreolhámos, de quando nos conhecemos. E uma vez por outra, quando me lembro das tuas palavras, parece que fui atingida por um raio. Já não sei o que faço ou o que digo, acho até que perdi a minha vocação para a escrita. Sinto que deixei de ter nexo, sinto que perdi a essência - sinto que ela foi levada contigo.
Porque é que eu tive de gostar tanto, mas tanto de ti? Porque é que me iludi? Porque é que gosto sempre da pessoa errada? Ou talvez goste da pessoa certa, mas talvez eu seja errada para tal pessoa. É isso, talvez eu é que seja errada para ti. Detesto ter gostado tanto de ti, ou gostar... Hoje fecho os olhos e recordo a nossa primeira conversa, recordo os dias seguintes, recordo as vezes que cantei para ti e os elogios que recebi da tua parte. Talvez não tenhas noção mas para mim foram os melhores elogios que já tinha recebido. Mas agora percebo que sou uma tola por ter considerado por um segundo, que fosses capaz de gostar de mim. Sinto-me tão ridícula... Claro que não irias gostar, é claro que não. Porque haverias? Eu não sou ninguém, não sou diferente em nada. Tu achas-te que sim mas será que mudaste de ideias? Será que pensas que as minhas palavras são enganosas? Pensas que não escrevo de coração?
Desculpa. Do fundo do coração, por ter entrado na tua vida e causado algum reboliço. E também peço desculpa a mim própria por ter acreditado que talvez tu fosses "o tal".
Obrigada por teres trazido alguma alegria à minha vida quando estava mal, obrigada por teres sido quem foste - com todas as qualidades e defeitos.
E adeus, D. Porque nenhum de nós merece o outro, e essa é a conclusão a que chego. Não vale de nada perdermos mais tempo, ou melhor, não vale de nada EU perder mais tempo a pensar de como poderiam ter sido as coisas, ou o que poderia ter sido diferente. Estou a ser adulta e a seguir em frente.
Um beijo com muito amor,
C.
Ps: É um tanto quanto irónico escrever-te aqui, onde percebeste que eu talvez não seja tão superficial e me começaste a ver. É engraçado o facto de que foi por um texto aqui exposto que tudo se desmoronou. Tenho muita pena, sabes? E aquilo que outrora disse não foi 1/3 daquilo que quis dizer pois sei que para além de todos os defeitos tu tens N qualidades. Não acredito que tenhas voltado a ler as minhas palavras ou que algum dia leias isto, mas se o fizeres quero que saibas que podias ter tido uma grande amiga.
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