11.7.10

não se escolhe quem se ama

Por falta de inspiração deixo-vos mais uma vez com um excerto do meu livro.
Beijos com amor,
De uma igual a tantas outras.

"A campainha tocou. Levantei-me, limpei a lágrima injusta que escorria do meu rosto. Senti algum medo da urgência que o B tinha em falar comigo, sentia receio não do B mas das suas palavras…Desci as escadas, abri a porta…
“Entra.” – Convidei. “Prefiro que saias, não vou demorar.” - Contrapôs.
Saí e fechei a porta atrás de mim para não acordar os meus pais e para que ninguém ouvisse a conversa.
“Quero que me oiças e não me interrompas. Não consigo dize-lo se parar a meio.” – Disse. “Estou a ouvir…” – Respondi.
“Melissa, eu simplesmente não consigo ficar perto de ti. Não posso e não quero! Tu fazes-me mal e és como uma droga que depois de ter a primeira dose não conseguimos largar e o que eu mais quero é largar-te. Para isso, preciso de tempo longe de ti, longe dos teus dramas, longe das tuas histórias, longe dos teus amores… Longe de tudo o que tem a ver contigo.” – A sua voz começara a falhar mas ele tossiu para se manter o seu tom ríspido e rude do qual eu tinha receio e pena. Uma lágrima caiu do meu rosto. – “Não chores! Uma vez que seja, não tornes isto só sobre ti. Tu mesma é que disseste que não querias que eu sofresse, então não me faças sofrer e afasta-te. Mantém-te longe de mim e da minha família, não és bem-vinda. Adeus Melissa.”- As lágrimas escorriam com alguma intensidade que detestava.
“Espera! Não podes… Não penses que podes chegar aqui, dizer essas coisas tão ruins, que até mereço e ir embora sem me deixar falar!” – ele simplesmente continuou a afastar-se. “Está bem! Quem não te quer por perto agora sou eu! Nunca te pedi que me amasses, nunca disse que te amava dessa forma. Tu é que criaste essas ilusões na tua cabeça, e sabes que mais? Nunca irão passar disso mesmo, ilusões e fantasias. Eu amo o Gonçalo e tu não me mereces, na verdade nem eu te mereço. O melhor se calhar é mesmo afastarmo-nos. Sei que me culpas e que achas que sou a responsável por te ter dado algum tipo de esperança, que nunca dei… Mas se calhar devias estar mais atento aos outros e não só a ti e ao teu umbigo” – Ele parou. Senti a minha dor aumentar, mas consegui conter as minhas lágrimas. Não tinha a mínima intenção de dizer tantas maldades, quando eu é que merecia ouvir tudo aquilo, mas sabia que de outra forma seria mais doloroso para ele… sei que ele não me queria dizer aquelas coisas e que dize-las foi mais doloroso que qualquer outra coisa, ele não se podia sentir culpado pelo meu sofrimento. E apesar de tudo ama-me de uma forma que não posso corresponder e magoar-me, é a ultima coisa que ele quer… O B é a pessoa mais altruísta que conheço e desta vez eu tinha de o ser também, sabia que assim ele me esqueceria com mais facilidade.
“Pensas mesmo assim? Que te culpo por me ter apaixonado por ti?” – Perguntou num tom triste e de cabeça para baixo. “Sim. Ou vais-me dizer que não me culpas?” – Retorqui num tom que não uso por achar que é simplesmente mal-educado e rude, num tom indiferente. “Pensei que me conhecesses melhor… Nunca te culparia por te amar. Não culpo ninguém… Deus assim o quis. Jamais te culparia por isto. Nunca pensei que me conhecesses tão mal… Não preciso que me digas que amas o outro, eu sei. Soube desde que foste a minha casa! Brilhavas de uma forma que nunca tinha visto, sorrias de uma forma diferente. Não tens de me mandar à cara que amas outra pessoa, não preciso disso.” – Uma lágrima escapou no seu rosto. – “Então culpas o Gonçalo por eu não te amar? É isso que estás a dizer?” – Perguntei. “Nunca o culparia por tal coisa. Tu ama-o e isso ninguém pode mudar, ele podia nunca ter aparecido na tua vida e tu provavelmente nunca me irias amar de volta… Não sei se algum dia serás capaz de faze-lo.” – Disse, desta vez encontrando o meu olhar. “Mas na minha festa, disseste que esperavas que eu dissesse que te amava” – acusei. “Sim disse. Mas espero, não quer dizer que irá acontecer. Espero que o digas sim, mas porque o sentes não porque ele te deixou, ou porque eu me vou embora da tua vida… Quero que seja verdadeiro.” – Retrucou. “Nunca diria que te amo sem ser de forma verdadeira. Mas não te vou tentar impedir de ir para longe da minha vida, para longe de mim. Se sentes que é o melhor… Aceito-o, com alguma pena porque acho que podíamos arranjar uma solução, mas aceito-o e respeito a tua decisão.” – Nesta altura as lágrimas não aguentaram e escorreram lentamente pelo meu rosto. “Obrigada por aceitares e respeitares a minha decisão. Quem sabe um dia nos voltemos a encontrar e as coisas sejam diferentes…”
“Quem sabe?” – Concluí. “Só Deus. Até sempre Melly.” – Finalizou e saiu, da minha casa, do meu quintal, da minha vida… e desta vez talvez para nunca mais voltar…
"

Por Carole Lima e Carolina Guerra.

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