Sentada no vão de umas escadas quaisquer ela chora. Chora por amor, chora de tristeza e saudade. Ajeita-se e limpa as lágrimas salgadas que lhe escorrem pela face. Respira fundo e levanta-se. Pega na sua mala e desce a rua numa corrida um pouco desleixada. Vira na segunda esquina à direita e continua a correr sem parar. Corre, corre, corre. Uma nova lágrima escorre lentamente percorrendo o seu rosto simples e subtil. Parou a meio da rua para pensar em tudo. Encostou-se a um carro e colocou as mãos no rosto para tapa-lo face à vergonha. Sentia-se mal consigo mesma por ter deixado escapar aquilo que sempre quis. Ajeitou o cabelo e tirou a maquilhagem da sua grande mala cinzenta. Maquilhou-se de forma descuidada mas tentando disfarçar as grandes olheiras.
Olhou-se ao espelho e respirou fundo várias vezes seguidas - "Tu consegues! Diz-lhe o que sentes. Força. Tu consegues. Tu consegues!" - pensava para si vezes e vezes sem conta. Arrumou o seu kit de maquilhagem, meteu a mala ao ombro e continuou pela rua a andar calmamente. Chegando à estrada passou a passadeira e virou à esquerda onde continuou a descer. Mais à frente virou à direita. Tirou o blackberry do bolso direito dos seus jeans e mandou-lhe uma mensagem "Estou à tua porta. Precisamos de falar. Um beijo". E sentou-se no grande muro enquanto lia o livro Queimada Viva. Olhava sistematicamente para o relógio. Cinco. Dez. Quinze. Vinte. Vinte e cinco minutos. Enviou uma segunda mensagem "Por favor, desce. Fala comigo, só hoje.".
Cinco minutos depois abre-se uma porta. Ele sai com o seu andar lento. Mexe no cabelo e olha para ela.
- O que é que queres? - Pergunta rudemente.
- Importas-te de não ser rude? - Responde ela - Nem sei o que é que estou aqui a fazer. Não sei porque vim. Provavelmente foi um erro.
- Então o que é que estás aqui a fazer? O que é que queres? - Repetiu.
- Shh, se não fizer isto agora nunca o irei fazer. - Disse enquanto com o seu indicador direito tocavam os lábios dele.
Nervosa deu um passo em frente. Sem que ele tivesse tempo para reagir ela já o estava a beijar. Agarrou-o pelo pescoço prendendo o seu cabelo com a mão direita. Com a mão esquerda ia deslizando pelos seus ombros. Ele inicialmente ficara sem reacção mas mais tarde correspondeu ao beijo intenso. Colocou os braços em volta da cintura dela e com a mão esquerda agarrou no cabelo dela puxando-a para mais perto de si.
Lentamente o beijo foi parando. Encostaram as suas testas e limitaram-se a olhar um para o outro. Num suspiro afastaram-se. Ele virou costas.
- ESPERA! - gritou ela dando uma breve corrida segurando o braço dele. - Não achas que devemos falar?
- Se me dás licença tenho de ir embora. - Ela soltou-o e ele segui o seu rumo.
Mais uma vez humilhada, esta virou costas e seguiu a sua vida.
Hoje ele está arrependido e ela sabe que fez tudo o que pôde. Agora não há nada a fazer. Assim terminou a sua história sem um final feliz, uma história sem título.
1 comentário:
Adoro a descrição dos pequenos promenores,tão importantes para que esta história tenha o seu seguimento. Não gostei mesmo nada da reação desse sujeito, pois achoque não é assimque ela o vaideixar em paz, mas que se pode fazer? Todas as pessoas existem para ser amadas, mas umas existem para ser amadas pelos outros,e os outros para amrem perdidamente sem serem conrrepondidos... :(
Enviar um comentário