Ao abrirem os olhos, Verónica e Miguel perceberam logo que algo mau iria acontecer. Facilmente reconheceram o local onde estavam e o que se avizinhava. De olhos abertos como se tivesse visto um fantasma, Verónica tentava racionalizar toda a situação e em dois pontos estava completamente certa.
1. Esta situação devia-se ao facto de ter traído o seu marido.
2. Algo de muito mau iria acontecer.
Miguel tentava libertar-se com movimentos bruscos feitos pelo seu corpo, que, se Gregório não a tivesse pregado ao chão, facilmente se moveria. No entanto, após tanto esforço, Miguel encontrava-se no mesmo local e preso tal como antes. Nada mudara à excepção da música ambiente. Inicialmente parecia alguém a sofrer de cólera, uma dor profunda... mais tarde Miguel percebera que se tratava de ópera.
Gregório continuava calmo e sereno, a sua calma era quase inquietante. Verónica via-o a colocar as luvas de latex, movimentar-se lentamente por entre todos os instrumentos... o terror instalara-se na pequena cabana onde passaram momentos de felicidade pura. Momentos onde tudo parecia fácil, onde amar era quase como respirar - fácil, indispensável - e era necessário para a sobrevivência de ambos. Oh! O amor que eles sentiam um pelo outro era tão belo que apenas uma troca de olhares parecia uma transmissão de pensamentos, algo profundo e inatingível, era algo especial. Algo apenas deles.
"Greg, amor, o que vais fazer?" - pergunta Verónica com um pânico mais que evidente. "Verónica, meu amor. Meu doce. Sabes, eu amei-te. Muito. Demasiado. Amei-te como nunca ninguém amou. Amei-te tanto que chegou a doer. Eu queria ter filhos contigo, uma família. Queria ter a Mariana e o Nuno, queria ter 80 anos e estar contigo sentado num alpendre a ver os nosso netos brincarem. Mas tu, tu nunca me deste valor, sempre achaste que eu era o teu animal de estimação. Traíste-me e não o perdoo. Achei que era capaz de o fazer, quis ser altruísta e pensar que sim mas não está na minha natureza. O que vou fazer? Justiça.".
Lentamente, sem pressa, calma e tranquilamente, liga o monitor para verificar os sinais vitais de Miguel durante todo o processo. Gregório começa por colocar umas luvas preparadas para o que iria fazer a Miguel. Com paus de metal ligados à corrente eléctrica, Greg deu pequenos choques na planta do pé do seu primo. Os choques percorriam o corpo de Miguel a uma velocidade alucinante e as dores eram intensas, tais como os seus gritos que tentava conter dentro do peito. Após um... dois... três... quatro choques, o coração de Miguel começou a falhar mas o seu primo, tinha tudo sob controle. Efectuou uma RCP e quando os sinais vitais voltaram ao normal, Gregório decidiu continuar. Deslocava-se lentamente por entre a sala onde se encontrava a sua esposa e primo. Foi então que, após ter retirado as luvas de protecção e ter mantido apenas as de latex, este pegou numa das agulha e espetou-a lentamente no mamilo direito de Miguel. O sangue começara a escorrer e os olhos de Miguel reviravam-se, tal como este se contorcia, de dores. Os gritos agoniantes invadiam a sala onde anteriormente apenas o silencio, o vazio e a paz viviam.
Lamento a história ficar por aqui, mas não me sinto psicologicamente capaz de transpor para palavras as imagens que me surgem na cabeça. Talvez um dia, mais tarde, continue. Até lá, keep in touch*
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