Alguém conversava num banco de jardim, um dia, algures na Primavera.

- Eu olho para trás e essas coisas, desde a nossa primeira conversa, até à última, passando por quando eu achei que ele amava outra pessoa. Na altura, parecia terrível mas hoje vejo que foram boas recordações, bons momentos que acabaram por existir. E poderia ter continuado tudo perfeito, só com os "Bom-dia", as pequenas corridas para ficarmos sozinhos a conversar por um pouco, conversas de dois minutos. Eu iria acabar por esquece-lo, eventualmente, porque ele já nem tinha tanta importância como antes. Ele estava a tornar-se banal. Mas sabes, agora penso mais nele pelo facto de ter acontecido assim. Ele estragou as boas recordações, neste momento ele já não tem nada de fantástico. Ele continua a ser bonito, isso eu sei que é, mas não tanto como eu o via. Hoje ele não tem nem um terço da importância que teve. Mas sabes, não me arrependo de nada. Faria tudo outra vez da mesma forma, só mudava uma coisa nisto tudo. Devia ter-lhe dito tudo na cara. Mas não se pode voltar atrás portanto, daqui para a frente ele morreu.
- Pois, é aquilo de, queremos sempre esticar a corda, mas o elástico acaba por rebentar e o pano por cair... a mascara também cai as vezes. Mas no final, querias algo mais do que uma amizade?
- O irónico disto tudo é mesmo isso, eu já não queria ter nada a ver com ele. Queria ser amiga, se tanto. Claro que gostava dele mas já tinha percebido que não era para acontecer. Já tinha percebido que era muitíssimo pouco provável, e tinha aceitado isso mesmo. Entendes o que te estou a dizer? Já não me preocupava com o que ele pensava de mim, não queria saber se ele me queria enquanto mais que amiga ou algo que se parecesse. No final, ele arruinou tudo. Passou de príncipe a sapo. Mas sabes uma coisa? Don't care e honestamente espero que ele mude para seu próprio bem.
- Não acredito que ele o faça.
- Mais tarde ou mais cedo ele vai crescer. Vai apaixonar-se e sofrer de amor. Um dia ele vai saber aquilo que eu passei por ele. Não se irá lembrar de mim, nem sequer do meu nome, mas passará pelo que me fez passar.