Paro no meio da cidade. As pessoas movem-se ao meu lado, seguindo as suas vidas sem pararem sequer para ver a beleza da cidade que as rodeia. Oiço as buzinas dos carros a apitar, as inúmeras conversas aos telemóveis, os pássaros, oiço também os batuques feitos pelos pedintes ao longo da calçada. Cada um segue a sua rotina, a sua procura, a sua descoberta… Alguns sem destino e outros seguem as mesmas rotas que fazem vezes e vezes sem conta – alguns aposto que o conseguiriam fazer de olhos fechados.
Sinto o vento na minha cara a soprar como que a abraçar-me enquanto as gotas de água que vêm da chuva me escorrem pelas faces como as lágrimas salgadas que derramo no rosto. Saboreio a água que passa pelos meus lábios enquanto fecho os olhos. Tenho uma maior percepção do que me rodeia, dos cheiros e dos sabores. Inspirei e senti o cheiro a croissants acabados de fazer e os manjericos que estavam a meu lado. Os santos populares aproximam-se, é tempo de bailaricos e sardinha assada no pão. É tempo de festa na avenida.
Sigo pela grande praça e oiço pessoas falarem sobre tudo em línguas diferentes. Algumas parecem zangadas como se todos lhes devessem mas ninguém pagasse. Outras parecem estar sempre em paz...
Todos passam por mim, mas ninguém me vê... sinto-me sozinha, mais do que nos outros dias. Conhecem a sensação de que ninguém vos quer, de que ninguém vos vê realmente? É assim que me sinto. No meu peito cresce um peso, um tormento que não desaparece. A cada dia torna-se mais difícil viver com ele, mas sorrio e sobrevivo.
Mas questiono-me, e se eu desaparecesse por magia? Mudaria alguma coisa?
Beijos com amor.
1 comentário:
Na minha vida, mudaria imensa coisa :$
Obrigado por tudo meu amor
Amo-te
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