24.7.10

parte I: a traição.

Imagina que por um segundo te descontrolas. Dás o máximo de ti. O teu pior. Consegues imaginar? Fecha os olhos por trinta segundos a imaginar o que farias nessa situação. Agora, digo-te que foi o que lhe aconteceu. Num segundo era um homem bondoso e apaixonado, no outro era um monstro.
Numa manhã de terça-feira de manhã ele levantou-se como era habitual, às 8h45, sorriu à sua linda esposa. Ela era muito bonita, exótica, diferente. A sua beleza era simples mas deixava qualquer um arrebatado – morena, com uns lindos e grandes olhos negros, longos cabelos castanhos que voavam ao vento e lábios carnudos. Ele não devia tanto à beleza, era um homem simples e banal. A única coisa que se destacava eram os olhos verdes cinza que pareciam ler os pensamentos dos outros. A sua maior qualidade era a personalidade, era jovem e simpático. Divertia-se, divertia os outros e era feliz. Assim que terminou o seu duche, saiu da casa de banho com a toalha enrolada na cintura e um sorriso deslumbrante para a sua mulher. Ela abre os seus olhos rasgados e sorri-lhe de volta.
“Bom dia, estás linda como sempre” – Disse com o seu charme, as suas palavras eram sinceras. “Obrigada, tu também…” – Respondeu ela numa falsidade eminente. Contudo ele fingia não ver a maior parte das coisas; os sorrisos forçados, os abraços desinteressados, até as noites banais em que ela preferia ler um livro a estar com ele. Assim sendo, num leve beijo despediram-se. Mal eles sabiam que seria o último beijo que iriam trocar.
Ele chegou ao emprego, cumprimentou toda a gente e foi para o seu posto de trabalho. O dia correu muito bem, mais que o habitual. Enquanto isso, ainda de manhã, ela levantou-se e fez um teste de gravidez. Resultado: Positivo. Então decidiu continuar o seu dia como se nada fosse, tomou o seu banho e imersão com leite de cabra. Acabado o seu banho, ela trata do seu lindo cabelo – escova-o de cabeça para baixo e coloca um pouco de espuma. Dirige-se para o roupeiro onde tira o seu vestido de cetim azul-turquesa. Não que estivesse preocupada com o que estaria a vestir pois não se manteria no corpo durante muito tempo. Saiu de casa para ir tomar um capuccino. Comprou a revista Máxima e leu-a de uma ponta à outra no jardim perto do seu lar. Regressou a casa onde se dedicou a escolher o novo papel de parede para a sala. Escolheu motivos ornamentais vermelhos e brancos – a sua cor favorita, vermelho, e a do seu marido, branco. Dirigiu-se à cozinha onde preparou uma salada rápida com poucas coisas, um pouco de pepino, cebola, tomate, alface e algumas sementes de girassol tudo envolvido em azeite e vinagre balsâmico. Comeu a sua salada lentamente acompanhada por um sumo natural de morango. Verifica as horas, 14h18. Subiu até ao quarto, fez a cama – mesmo sabendo que não valeria a pena – e olhou-se ao espelho. Voltou a pentear o seu cabelo até que tocou a campainha.
Abre a porta e entra o seu amigo e primo do seu marido, Miguel, um jovem de olhos azuis e cabelo castanho claro com quem mantinha um caso à coisa de duas semanas. Ele era elegante, alto e de porte atlético. Beijou-a num beijo apaixonado, quase que se aproximava da violência. Fechou a porta atrás de si e subiram para o quarto. Ao longo do percurso, enquanto subiam as escadas, pedaços de roupa iam sendo deixados pelo caminho. Chegaram ao quarto onde a grande cama branca estava num estado imaculado, por pouco tempo. Entre beijos e reboliço desfaziam a cama. As almofadas caiam por todo o lado derrubando as fotografias do casamento, que se encontravam numa das mesas-de-cabeceira pretas, e as fotografias do primeiro encontro com o seu marido, que se encontravam na outra. Sem cuidado, faziam sexo puro na cama onde ela e o seu marido geraram o seu filho. Ali mesmo, sem problemas. Ele apalpava-a enquanto ela gritava loucamente.
O seu marido sai do trabalho mais cedo, calmamente e feliz. O seu trabalho correra melhor que nunca, todos foram simpáticos para ele, tinha um carro novo e comprou um presente para oferecer à sua esposa – um lindo lustre feito de tampões. Um modelo que a mesma andava a cobiçar há meses. Entra no carro e de repente tem a sensação estranha de que algo está errado. Contudo, continuou o seu caminho para poder surpreender a sua amada. Ele amava-a mesmo, mais do que amou qualquer outra mulher. Aquilo era o verdadeiro amor, o que ele nutria por ela era tão forte que às vezes até lhe faltava o ar só de saber que podia tê-la consigo. Ele sempre, ao longo dos nove anos de casamento, sentia-se o maior sortudo à face da terra. Tinha uma mulher bonita, simpática, divertida e fiel.
Quando abre a porta do carro, a sensação de que algo não estava certo aumentava. O seu peito começou a doer. Ignorando tal sensação ele pegou no lustre e levou-o para dentro de casa, quando é surpreendido por um casaco que não era seu no chão. Mais à frente encontrou uns sapatos, um vestido, uma camisa que não sua, e assim continuava… Todo o amor que ele nutria era tão forte que ele não era capaz de imaginar ser traído. Ele tinha a mulher perfeita, ela não seria capaz. “De certeza que ela foi seduzida. Eu perdoo-a mas ele, não escapará impune.”. Trancou a porta, as janelas e fez daquela casa a prisão perfeita. Foi até à cozinha onde tirou a faca maior e mais afiada. Ouvia os gritos de prazer da sua mulher que lhe repugnavam. Lentamente subiu as escadas e abre a porta do seu quarto onde se depara com uma imagem que nunca lhe sairá da cabeça.
Continua em breve…

3 comentários:

óbstaculosdeumavida disse...

Bem, adorei sem dúvida está divinal ;)
Fico a espera do próximo capitulo :D
Beijinho

Nênê disse...

Estou à espera da continuação miúda!! :D
Não é preciso dizer mais nada, pois não? Adorei!

Beijinhos com amor ;)

Ana Barata disse...

Gosto! Estou com boas expectativas. Acho que vai ser uma historia emocionante. Cá estarei para ler o restante.

Beijão