28.7.10

parte II: o plano

"Deixa-te disso, Gregório. Tu sabes que não és capaz de matar uma mosca. Pousa a faca." - Disse ela com uma dúvida iminente na sua voz. No entanto manteve o sorriso que lhe era característico. Enquanto isso, Miguel, voltava a vestir a sua roupa e lentamente saiu do quarto passando por Gregório. Ele pousou a faca e disse "Não percebo porque o fizeste mas perdoo-te. Vai-te lavar" e dirigiu-se para a sala. Sem aguentar aquele ar sufocante decidiu ir para a sua cabana que se localizava no campo, num terreno isolado a hora e meia da grande cidade. Dirigiu-se ao hospital onde trabalhava e pediu o mês de férias que tinha por gozar devido ao facto das mesmas se terem acumulado durante os anos. Ligou à sua mulher a dizer que tivera sido chamado de urgência e que mais tarde teria de apanhar um avião para um congresso. Durante a primeira semana ele preencheu um caderno de tamanho A5 cheio de planos. Como, onde, quando o iria fazer. Assim sendo, dirigiu-se a uma loja de penhores onde comprou uma arma de 9 mm Parabellum, .38 Special. Ele planeava em encontrar Miguel a caminho do trabalho e dar-lhe um tiro bem no meio da testa, depois incriminava a sua esposa pois o sentimento de perdão fora substituído por ódio. Os planos iniciais pareciam simples e fáceis de executar. No entanto, ele não se sentia satisfeito. Achava muito simples, fácil demais, alem de que não iria causar qualquer tipo de dor. Então pensou em dar um tiro nos genitais do homem e depois um tiro no coração. Ainda assim não estava satisfeito, até que começou a ter ideias um pouco mais duradouras e que lhe agradavam bastante.
Preparou a cabana para o que se iria passar ali. No intuito de tornar a cena mais dramática, pegou nas fotografias que tinha embalado em contentores e colou-as a todas na parede. Idealizou vezes e vezes sem conta o que lhe faria e como. "Ele não me vai escapar" - pensava para si.
Então passou a semana seguinte a seguir o seu primo, anotar todas as paragens na sua rotina, e perceber cada falha na sua segurança - ou melhor, recordar visto que estes tinham perdido o contacto frequente há três anos quando Miguel lhe roubou 5 mil euros. Na segunda-feira que se seguiu achou que estava pronto, assim sendo, no momento em que Miguel voltou a casa para trocar de roupa antes de sair para ir jogar poker ao casino, Gregório furou os quatro pneus do carro do traidor. Nesse tempo ficou sentado a espera no seu BMW X3 Preto Sapphire de 225 cavalos, com vidros fumados, estofos interiores no tom Nevada Preto, frisos em Prata Shine Mate e jantes de liga leve 308 de raios em Y. Eram 21 horas e 32 minutos quando a porta branca se abre. Gregório abre a porta do seu carro e na sua mão direita encontra-se um pano preto com clorofórmio. Apanhando Miguel desprevenido, este agarra-o pelas costas e encosta o pano a boca e nariz do mesmo. O seu primo tentou resistir mas, sem sucesso, as forças começaram a faltar-lhe e acabou por ficar inconsciente. Assim sendo, Gregório, - olhando em redor para se certificar que não deixava testemunhas -, arrasta o corpo de Miguel até ao porta bagagens do seu BMW. Coloca o mesmo dentro da bagageira e tranca-a. Entra no carro e segue para a sua próxima paragem - a sua casa.
"Verónica, amor, estou em casa, onde estás?" - Grita ao entrar dentro de casa. Uma voz doce responde "Na cozinha". Ao entrar na cozinha ele dirige-se até a sua mulher a quem da um beijo apaixonado. "De onde vem esse entusiasmo todo?" Pergunta ela, quando de repente é interceptada com um olhar de ódio, antes que pudesse reagir já ele tinha colocado um pano na sua boca que a fez ficar inconsciente. Pegou nela ao colo e levou-a para o carro onde a colocou nos bancos de trás do mesmo. Colocou o carro na garagem para poder certificar-se de que tudo corria bem. Então, abriu o porta bagagens onde se encontrava Miguel ainda inconsciente. Pegou nas cordas que tinha guardadas para a prática de sadomasoquismo bem como as algemas. Amarrou os braços e pernas de Miguel com as cordas e os braços de Verónica com as algemas. Voltou a fechar o porta bagagens e a porta traseira do carro. Entrou para o cockpit e trancou todas as portas. Seguiu em direcção á cabana.
Ao lá chegar, tira primeiro a sua mulher do banco traseiro e prende-a com os braços para cima, no canto noroeste da cabana onde esta tem uma boa visualização para todo o local. Seguidamente abriu o porta bagagens de onde retirou o corpo de Miguel e colocou numa maca que se encontrava no centro da cabana. Amarrou-o com cordas e algemas para que não pudesse escapar. Colocou luvas de látex, preparou o bisturi, os paus de metal, a linha e agulha, as pinças e preparou um frasco com etanol.
Lentamente Miguel e Verónica começam a acordar quando se deparam com um cenário sombrio e macabro. Nas paredes encontravam-se fotografias de família, de casamento, ate do nascimento do primo de Gregório, encontravam riscos, folhas cheias de planos e desenhos de tortura. Lentamente começaram a perceber que estavam a viver o maior dos seus pesadelos. Foi então que os gritos começaram...
Continua...

1 comentário:

Ana Barata disse...

Wow muito suspense! É sem duvida algo a que não estou habituada neste blog :b