19.6.11

leque

Gostava de ser uma senhora do antigamente. Daquelas com corpetes que salientavam o peito e adelgaçavam as curvas. Gostava de viver na época da "gordura é formosura". Por vezes coloco-me a imaginar, nós os dois, num daqueles bares de cowboys. Tu ao balcão do bar, com o teu whisky puro e uma multidão à volta. O ambiente escuro com uma luz vermelha face ao néon das letras do bar. A multidão suja, os homens com cheiro a cavalo e as mulheres, com os seus corpetes e grandes saias. Imagino-me com um corpete vermelho com renda preta. Então, a jukebox começa a passar um tango fortíssimo. É nessa altura que tu, com o teu olhar matador me fitas rapidamente. Eu, com o meu leque, que se localizava aberto no peito para demonstrar desprezo face aos outros, levanto-o levemente e coloco-o em frente ao rosto, deixando apenas os olhos visíveis. É assim que te aproximas, lentamente como se o salão fosse todo teu... Chegas perto de mim, seguras-me a cintura e dançamos. Uma dança erótica onde as nossas silhuetas, juntas, parecem ter sido concebidas para estar assim. Na ultima batida da música, rodas-me e seguras-me com os teus braços firmes; a minha perna levanta e os teus lábios encontram os meus. Esses teus lábios carnudos que me beijavam com urgência.
Lentamente o salão retoma a sua rotina, os nossos corpos separam-se e o leque volta a tapar-me o peito, pois eu, hoje, só te quero a ti.
Beijos com amor.

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